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amanda18138

Doença Renal em Cães e Gatos: Como detectar e como tratar? Sinais Clínicos e Expectativa de Vida.

Os animais são parte de nossa família, e devido ao crescimento do número de pets houve também um grande crescimento e evolução da medicina veterinária. O cuidado especializado dos animais leva a uma maior longevidade dos mesmos, principalmente os cães e gatos, aumentando a chance do desenvolvimentos de doenças degenerativas. Estima-se que 65% dos cães com idade superior a 7 anos (Polzin, 1995) e 63% dos gatos com idade superior a 10 anos (Lulich, 1992) desenvolvem doença renal crônica.


Muitas vezes, nós veterinários, nos deparamos com perguntas como “o meu animal está emagrecendo, vomitando, bebendo mais água, com hálito diferente, com apetite diminuído, com alteração no volume urinário”, sintomas clássicos que mostram que o rim não está funcionando como deveria.


Prognóstico e Expectativa de Vida para Doença Renal Crônica e Aguda


A doença renal crônica é uma doença degenerativa, que apesar de que possa acontecer em animais de qualquer idade, é mais comum em cães e gatos idosos. Essa doença se caracteriza pela diminuição da função renal (Bartges, 2012) e perda gradual da quantidade de néfrons funcionais (Mcgrotty, 2008).


Já a doença renal aguda é caracterizada pela perda súbita da função renal (Palumbo et al., 2011). Essa condição, muitas vezes denominada insuficiência renal aguda, pode se manter por períodos variáveis, resultando na perda da capacidade dos rins em realizar suas funções (Andrade et al., 2003).

Outra pergunta comum de ouvir dos tutores é “Quanto tempo meu animal vai viver com doença renal?” Essa é uma pergunta difícil de responder, já que alguns animais com doença renal crônica morrem após meses, ao passo que outros permanecem estáveis por anos (Bartlet et al., 2011). Já o prognóstico para a recuperação da doença renal aguda depende da natureza e da extensão da lesão renal primária e de sua extensão.


Independente de ser aguda ou crônica, a rapidez do diagnóstico e do início do tratamento é o fator chave para determinação do prognóstico (Cowgill; Elliott, 2004). O principal empasse para o diagnóstico e tratamento rápido das doenças renais é que os sinais clínicos se manifestam quando já houve de 50% a 75% de perda da função renal, por esse motivo novos biomarcadores tem sido investigados para permitir o diagnóstico precoce, favorecendo o prognóstico e tratamento (Dusse et al., 2017).


Como saber se meu pet tem doença renal? Sinais clínicos:


Inicialmente, alguns cães e gatos diagnosticados com doença renal podem ser assintomáticos (Rubin,1997). A presença de poliúria e polidipsia, isto é, aumento da produção de urina e da ingestão de água, são os primeiros sinais clínicos da insuficiência renal em cães observadas pelos tutores. Isso é mais difícil de ser observado em gatos, uma vez que possuem hábito de ficarem mais livres que os cães.


A desidratação, que pode ser facilmente observada pelos tutores através do ressecamento das mucosas e pela perda da elasticidade cutânea, é comum tanto em cães como em gatos (Andrade, 2002; Polzin, 1997).

Com a perda da funcionalidade renal, tem-se a diminuição da eliminação de substâncias tóxicas, de maneira que componentes nitrogenados não proteicos (toxinas urêmicas) se acumulam na circulação sanguínea. O acúmulo dessas substâncias no organismos se mostram para o tutor através do hálito urêmico do animal, com cheiro característico de urina, amônia ou peixe.


Como achado laboratorial, temos o aumento de creatinina e ureia (Polzin, 1997). Por essas toxinas estarem presentes na circulação sanguínea, podem causar um quadro sistêmico e afetar outros órgãos. As alterações neurológicas mais observadas pelo tutor são a falta de interação do animal com ambiente, o que chamamos de apatia.


Ainda, o animal pode apresentar tremores, dificuldade de locomoção, convulsão e coma (Polzin, 1997; Rubin, 1997). A acidose metabólica também pode estar presente em pacientes com doença renal crônica, inicialmente pela perda da capacidade dos rins de excretar os íons de hidrogênio, e posteriormente pela excreção de amônio pelos néfrons remanescentes (DiBartola et al., 1997).


Quanto mais rápido melhor: Diagnóstico e Tratamento


Por se tratar de uma doença que age de maneira progressiva e irreversível, o objetivo do tratamento é diminuir a progressão da doença, melhorar a qualidade de vida do animal, reduzir os sintomas apresentados e aumentar o tempo de sobrevida do paciente. A terapia celular é uma excelente opção terapêutica para pacientes com doença renal, uma vez que as células tronco mesenquimais secretam vários fatores benéficos, tais como:

  • Fatores de crescimento para aumentar a capacidade natural do corpo a se curar

  • Fatores anti-inflamatórios para reduzir inflamação e dor

  • Anti-fibróticos para manter a funcionalidade do tecido

  • Anti-apoptóticos para reduzir a severidade do dano

(Meirelles et al., 2009; Peroni & Borjesson, 2011)


Veja nessa imagem como as células tronco mesenquimais agem no tratamento de doenças renais:


Peired et al., 2016



Detalhes da Terapia Celular para Doença Renal Aguda e Crônica


Todos estes fatores auxiliam no retardo da progressão da doença e na restauração da qualidade de vida do paciente. O tratamento de animais com doença renal crônica necessita de mais atenção e dedicação contínua do tutor, quando comparamos com a doença aguda.


Isso porque as células tronco mesenquimais chegam até o local da lesão por quimiotaxia, isso é, o tecido lesionado envia sinais químicos que são detectáveis pelas células tronco injetadas, que então migram até esse tecido. Se o dano é agudo, muitos sinais químicos são enviados e mais células chegam até o local.


Ao passo que se o dano é crônico, menos sinais são enviados e mais dificuldade as células tem para encontrar o caminho até o local lesionado. Logo, mais injeções de células tronco são necessárias para se obter uma quantidade suficiente de células no caso da doença renal crônica. Portanto, é importante a conscientização do tutor em relação as características da doença, expectativas do tratamento e avaliação clínica do animal.


O mês de março é o mês da prevenção e conscientização da doença renal. Fizemos uma série de posts sobre o tema no nosso Instagram @celltech.celulastronco, vejam lá!!!


Referências

ANDRADE, S. F. Manual de Terapêutica Veterinária. 2. ed. São Paulo: Roca Ltda,

Antonio, v. 23, p. 1-11, 2013.

BARTGES, J. W. Chronic kidney disease in dogs and cats. Veterinary Clinics of

cats. In Practice, London, v. 30, p. 502-507, 2008.

COWGILL, L. D.; ELLIOTT, D. A. Insuficiência renal aguda. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária-doenças do cão e do gato. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanadara Koogan, 2004. v. 2, p. 1701-1721.

DIBARTOLA, S. P. Abordagem clínica e avaliação laboratorial da afecção renal.

disease in dogs and cats. Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, San

DUSSE, L. M. S. et al. Biomarcadores da função renal: do que dispomos atualmente? Revista Brasileira de Análises Clínicas, v. 49, n. 1, p. 41-51, 2017.

ETTINGER, S. J., FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária, 1. ed. São Paulo: Manole, 1997. p. 2355-2373.

Lulich, J. P. (1992). Feline renal failure, questions, answers, questions. Comp Cont Educ Pract Vet, 14, 127-153.

McGROTTY, Y. Diagnosis and management of chronic kidney disease in dogs and

Meirelles LS, Fontes AM, Covas DT, Caplan AI. Mechanisms involved in the therapeutic properties of mesenchymal stem cells. Cytokine Growth Factor Rev. 2009;20(5–6):419–27.

PALUMBO. M. I. P; et al. Manejo da insuficiência renal aguda em cães e gatos. Umuarama, 2011.


Peired, A. J., Sisti, A., & Romagnani, P. (2016). Mesenchymal stem cell-based therapy for kidney disease: a review of clinical evidence. Stem cells international, 2016.


Peroni, J. F., & Borjesson, D. L. (2011). Anti-inflammatory and immunomodulatory activities of stem cells. Veterinary Clinics: Equine Practice, 27(2), 351-362.

POLZIN, D. J. Evidence-based step-wise approach to managing chronic kidney, 2002.


POLZIN, D.; OSBORNE, C. Conservative medical management of chronic renal failure. In: OSBORNE, C.A.; FINCO, D.R. Canine and feline nephrology and urology. United States of America: Williams & Wilkins, 1995. p.505-507.

RUBIN, S. I. Chronic renal failure and its management and nephrolithiasis. In:

Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 27, n. 6, p. 1331-1354, 1997.


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